segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Patética Estética

Escrevo em tom experimentalista

ás vezes até

de modo óbvio,

concreto como aroma na floresta

às vezes disperso

num traço louco de serpente

Sonhado por um pintor bêbado

que tivesse desvendado as cores do sol


Penso sabendo pensar

ser efêmero como incenso

escrevo contando criando

buscando o não pensar

O inesperado andando

sobre as trilhas do que escreverei


Tento escrever poemas

que só atingem

o patamar de fragmentos.

Contento-me, afinal

os momentos são também impermanentes

nada é assim tão congruente

e as gotas de chuva

não mais do que gotas de chuva


Assim precipito-me

alternando-me sazonalmente

Variando entre tormento e inspiração

entre sonhos de outono

e vertigens do verão


Das rimas ao assimétrico

modo de pensar

Da canção ao hermético

sonho de criar


Sei que sou patético

mas algo nas cores do fim da tarde,

nas nuvens adensadas de chuva e de azul

na indiscriminável face do vento

no indescritível gosto dos lábios da amada

tão doces tão ácidos

Algo me diz levemente

como num tácito poente

que apesar deste sentimento

ocre de patético, sussurradamente

algo me diz isso tudo é poético

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