sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Poética


Não me nego à inspiração
Quando ela bate a porta...
Mesmo que ela não me atenda
Quando, todos os dias
Toco a sua campainha

Sem Reservas Ao Amor


Haveria algo melhor do que
sermos amados apesar daquilo que somos,
Amar esse mundo imperfeito
Sem desejar mais do que esse jeito:
Condição perene e tropeça
Que tanto nos decepciona e espanta?

Haveria algo melhor, no amar
Do que ser amado, derrepente
Por sermos simplesmente
Aquilo que de fato somos? 

Sem correções, adições, 
expectativas ou melhorias
Sem contratos, promessas
Previsões ou garantias

Assim como fomos o vento
O sereno e o suor daquela noite fria
Em que nos amamos sem desejar da vida
Nada a não ser um ao outro,
Tudo apesar do futuro.

Sermos completamente amados,
Como se a vida poesia,
-Sempre ao nosso lado-
Desse-nos todos os dias
Um sinal certeiro que estamos no caminho.

Mais querer este querer
É não amar a situação imperfeita
Pelo o que ela é de fato:
Somos amados pelo quanto amamos
E não pelo quanto queremos.

Querer este querer
É querer um mundo perfeito
Onde seriamos amados
Apesar de nosso jeito-
Incondicionalmente
Apesar de nossas imperfeições.

É mais fácil amar
Esse mundo assim imperfeito,
Posto que perfeito em sua imperfeição
De não sermos amados assim tão facilmente

Do que esperarmos que ele seja perfeito
Para que possamos enfim e completamente
Entregar-nos insuspeitos
E Sem reservas ao amor

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Voando

Minutos disfarçados
Sobre a beira de um abismo
despertam-se voando

Fruto podre

O risco é o preço da ignorância,
O fruto podre da razão prepotente

Úmido

Faces sob a chuva
negros passos, úmido
o dia se dissolve

Lá! (Ainda)

                                                passo
                          desfaço
tudo
               aquilo
                             que sabia
                                     
                                               percalço
                         esqueço
tudo
                aquilo
                           
                                   que me prendia

renasço

             transformo

                             transmuto

todo

            viver                
                             
                                     em poesia


Trilho,
       
            servindo
                           
                                     a estrada da liberação

Busco voltar

                     ao lar

           Lá!                          

                              além de toda ilusão

onde cada passo
         
                                   é uma dança

e cada palavra
                           
                                   uma canção


Susto de um tropeço

A chuva no tempo o espaço
desejo o sonho e a poesia
o improvável incerto
pecaminoso deserto
dessas sedutoras miragens
que fazem o querer de tudo

papel em branco
o compromisso
esquecimento omisso
de alguma obrigação vindoura

os amigos as mudanças
a esperança sedutora
de curtir um barato total
sem fim nem começo

inspiração genial
no susto de tropeço

Caminho da Canção

Na tarde dos dias
os pensamentos-vôos
da consciência viajante

Quisera eu
ser os sons da manhã
apenas ressoando, cantando

Nossas tentativas mais ousadas
de compreender os outros
são nossas maneira mais refinadas
de afirmar a nós mesmos?

Só sei que nada sei
infinito porém esse da sabedoria
etérea, divagante, incerta
tenho preferido o canto
tenho praticado a poesia

Deus é Deus
por que está além de tudo
e ilimitadamente infinito
No espectro largo
de um segundo apenas

Quero espaços de tempo
para debruçar-me sobre o violão
Quero divagar em acordes buscar melodias
e no improviso de alguma inspiração
encontrar o caminho de uma nova canção

Imponderável

o amor supera todos os paradigmas

(im)permanente

Fim de inverno
Trouxe nuvens de chuva
o vento passa


Fruto semeado

Ama teus amores
Lembrando-te sempre
dos passos silentes do fim

o dia tem aromas efêmeros!

Mira a eternidade
para que num susto
desperte para realidade,

como a Lua em seu rumo

A vida passa
e por entre os dias,
assim na poesia caminha

Sempre diferente
do que imaginamos
O fruto
daquilo que semeamos

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Pétala e o Vento


Deparei-me com uma pétala,
Rosada envelhecida,
Pétala de bouganville
Dependurada nos fio de uma teia
Ela equilibrava toda
aquela tarde de sol e vento
Em seu improvável descanso aéreo

A aranha, ainda desinformada
Mal sabia do óbvio
Espanto de imensidão
Que se encontrava equilibrando
Os segundos de uma tarde
Em sua armadilha sutil

Suspeitei no início
Das intenções evidentes daquela pétala
A mente racional entrou bosteando
Dizendo que pétala não tem consciência
Nem intenção para dependurar-se
Assim tão poeticamente
No equilíbrio da tarde
Em uma teia de aranha

Demorou-me a surgir o poema
Tão explícito daquela situação
Ao ler uma entrevista,
De um poeta songo e genial
Que é dado a brincar com as palavras,
É que desabrochou o poesia
Contida na impressão primeira
Daquela visão tão antióbvia

A vontade da pétala
Era seduzir o vento
Desafiar a gravidade
Para além de todo pertencimento

Ficou evidente
Que ela estava enamorada
E assim desvairada,
Perdida em impossibilidades
Louca de amor
Lançou-se lascívia
Sobre uma armadilha de éter,

Virou vitral moldura
De um amor impossível
Aquela teia de aranha
O vento lambia
O corpo colorido
Daquela pétala em equilíbrio

Um amor improvável
Comprovou-se sutilmente
Nos atos do tempo