Um ato desprendido
A parte da dança cósmica
Que se descola das expectativas
Dessa espiral metafórica
Sigo sem deixar nada Além do que fica da minha distração/ Ser humano é ser estrada na dor no amor ou na ilusão
Um ato desprendido
A parte da dança cósmica
Que se descola das expectativas
Dessa espiral metafórica
A cada ilusão destruída
É mais livre o passo
Na brincadeira de caminhar
A Cada ilusão cultivada
Brota a semente de outra
Que cresce, toma espaço
Para saltar na liberdade
Como um sapo
Resta desmanchar
A primordial ilusão
De existir
Ò ser humano chato
Perpetuamos
Nossa não vida
Transcendível
Envoltos
Do solitário caminhar
Frenético de pessoas
Ao som do canto
Mimético dos pombos
Em resumo:
Um cômico
Banquete de excrementos
Embalado
pelo
Podre canto de
Ratos alados
Gosto é do riso humilde
Da felicidade fácil
No contentamento verdadeiro
Gosto é das festas populares
Gosto muito do inconformismo
Do tapa derradeiro
Nas fuças da hipocrisia
Gosto é da arte sem rédeas:
Festim de alegria das pernas antropofágicas
Mas o que não gosto
É lista sem fim.
Começo a pensar
Que no nada se sentar
Tornar-me-á alguém
Chato e ranzinza
Perfeição demais é mentira
Ilusão pouca é bobagem
Reconhecer-se no vazio
É privilégio dos que tem coragem
Sustentando toda a firmeza
Das mais incontestáveis crenças,
Está solenemente o nada.
Assim como o é o vácuo
Que dá solidez á matéria
Assim como o é ódio
Que torna bela a paz
O mundo sem cabeça
Da cabeça do meu mundo
Incorpórea inconsistência de alfinete
Que confunde
As idéias viajantes
Desse mundo em-si-mesmante,
Relativa realidade abismal
A ocultar na sombra do devir
A ilusão primordial