Sigo sem deixar nada Além do que fica da minha distração/ Ser humano é ser estrada na dor no amor ou na ilusão
domingo, 29 de março de 2009
Solidão em compasso II
traz desejos irrealizáveis,
como um bufão
que faz piadas de mal-gosto
na busca de se auto-afirmar
Ao sentar-se na mesa
Para um café de fim de tarde
Nunca quis tanto
Estar com uma companheira de longa data
Apaixonada, desconhecida, linda
E boa de conversa
Tudo isso para que
quando fossêmos tomar
nossas xícaras de café
houvesse apenas uma vontade de ficar em silêncio
para deixar que os acordes de um samba,
bem triste e auspicioso,
conduzissem as mensagens de amor
que navegam no oceano a separar nossos olhos
Solidão em compasso I
A luz amarela
escorre da lâmpada
para iluminar
a mim
e meus instrumentos poéticos
Enfim
Após instantes intensos
de angústia
Posso escrever
Chove gravemente
sobre o pôr-do-sol
Que resistiu
sereno
Para ir embora
apenas
Saí de casa
quando ainda não chovia
Até meus cachorros,
sempre tão afobados
entenderam
a seriedade dae meu olhar em agonia
Saí para o jardim
Pois nada me restava
Todos os meus livros
pareciam desinteressantes
Todas as experiências
não valeriam a pena
Nem o violão me seduzia,
Jogar minha angústia sobre ele
seria uma desfeita
E não havia nenhuma paixão
para ser cantada
Desta vez
Sentar e meditar
Seria como um tiro
Na própria cabeça
As cores de um pôr-do-sol torto
me conveceram.
Cinza a nuvem de anúncio chuvoso
Azul o que permanece
Púrpura o crepúsculo
Visto por entre casas de concreto
Púrpura a luz do poste
Começando a se aquecer
Foi a chuva que garantiu
Uma solidão proiveitosa
poética e minha.
Seu barulho
escorrendo em meio ao vento gelado
Cantava a existência da vida
apesar de tudo
Um Baden-Powell
de início de noite
Narra em um compasso
A tarde que se inicia
em silêncio,
banha-se em jazz
e faz nascer,
escondida pelas nuvens,
a lua sob anunciação da bossa nova
segunda-feira, 23 de março de 2009
Canto aos poetas
Sei que a gravidade
dos seus olhos
(sombreados de amor)
Talvez os levem
A um dar de ombros sereno
Ou a um flerte furtivo
com a moça que passa
Sim, senhores
apesar de tudo
o passear das moças
apesar de não tão despretensioso
como outrora, ainda está ai
Mas chorem poetas,
Quando a Lua não surgir
e solitariamente
Vier uma lágrima de desanuvio
chorem este pranto,
que vos canto.
O mundo ruiu,
Continuou assim desde a tempos
e tem teimando
em arrastar a vida toda ao abismo
Não nos resta o luto de sétimo dia
O morto já foi enterrado
E sua memória é agora longínqua
O ar nos falta
O amor também
Vós que cantais
a angústia
do desencanto que pairava
Agora não veriam fragmento
do que um dia foi lamento
Tudo muito pior
E auspiciosamente o mesmo
E assim me encontro aqui
a lhes dizer:
Chorem poetas,
Pois ao reluzir de suas lágrimas
chorarei também!
terça-feira, 10 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
Aquilo que bem sei
Pode ser conhaque
Que seja vinho de preferência
Mas tragam-me algo para beber
E uma companhia serena
Que me ouça
E não me queira tirar
De onde estou
Alguém que apenas fique
Comigo
Solitário
Que há o sol,
Que há lua
O vento e a nuvem
A chuva e o poente
Disso eu sei bem
Que são eles que me levam
Ao sorriso de peito aberto
Eu bem sei
Por hoje não me tragam visões
Só quero algo para beber
Que seja quente e deixe leve
A cabeça
A melancolia residente
E também um amigo
Solitário mas nem tão calado
Alguém que ouça e beba
E me diga ao findar da conversa
Para que eu olhe
Calmamente
Alguma estrela
domingo, 8 de março de 2009
Desapego Temporal
já foram feitas
Todo o mundo
vibra de acordo
com aquilo que ja é
Preocupações
deixadas de lado,
apenas a navegação
em presença
Quando a memória
é superficie descartável
sexta-feira, 6 de março de 2009
Sola e susto
são o método de conhecimento do mundo
O susto de meus tombos
Nada mais do que a lição da estrada
quinta-feira, 5 de março de 2009
Se for pra amar
que seja o berro
vindo da boca do coração
a música
que celebra a entrega
Se for pra amar
que seja a história
um conto de loucuras
destruindo tudo aquilo
que um dia existiu
Que sejam queimadas
na combustão explosiva da paixão
todas as mediocridades e covardias
um dia presentes na alma dos amantes
Se for pra amar
que seja para encantar a vida
Palavras sobre o Viajar
todas as experiências, crenças,
valores, compromissos e idéias
São fervidas na panela do risco
Dionisificando
a certeza incerta
de entregar-se
ao baile das desfragmentações
torne vivo o momento
ao embriagar-se
na essência apaixonante
de nascer e morrer
Voar pelas planícies
(instantes sem tempo)
no amor intenso
Por tudo o que exala
paixão e vida
Visão fatal
Momento de vida apaixonante
Trouxe-me o horizonte em morte no olhar
Será que estou assim por ter sido o único
A entender a dança
Feita a dois no céu azul?
Como voávamos,
Em valsa matine
Pelo céu de uma cidade triste?
Voei e vi o vôo
Sonhava acordado
Saboreando a carne da fruta
Com todos os planos
Sendo abandonados na mordida única
Os olhos da morte vieram então me tocar
Engolir-me como os dela
Que quando fechados estavam
Abriram todas as fechaduras do coração
Flores do Jardim
No cabelo negro mágico
Da fada forasteira
Brinca no ar
Nuvem de crepúsculo
Leva contigo
O meu sonho bom
Nasce o sol
Emissário do horizonte
Conta histórias orientais
Ao povo que te espera
Caído no pó da estrada
Ficou o coração,
Doce entrega furta-cor
Toda alma apaixonada
Espera mesmo é por você
Oh aurora do meu sonhar
Sol e dança
Em céu de lágrima,
Doce onda de mel
Veio atentar-me a boca
Dança em meus olhos
Para ficarmos juntos
Em um momento de entrega,
Dança comigo
Dama livre em sonho
Fagulhas de fogo róseo
Queimaram de mim as artérias
Infarto sorridente
De um peito a mergulhar no sol
terça-feira, 3 de março de 2009
Apenas o que interessa
E de uma vez por todas
Deixo todo o ceticismo de lado
Pergunto aos céus e aos astros
Rendo-me aos arquitetos galácticos
Pois só o que me interessa é amar
Me pego em devaneios tolos
Sobre a nossa conexão astral
Sinto saudade de abraço dado ontem
Entrego todos os meus sonhos poéticos a você
Pois só o que me interessa é amar
Apaixono-me sem saber história alguma
Me espanto pelo amor à primeira vista
Não tenho receio
E entrego-me na trama de sincronicidade
Pois só o que me interessa é amar
Quero subverter seus planos
E o que os meus
Sejam implodidos pelo seu abraço
Quero dar com você
Diversos passos na estrada da vida
Quero ver o amor explodir
Um prisma de cores no horizonte
Para nos guiar na caminhada sem medo
Tudo isso eu quero
Tudo isso eu sinto
Pois só o que me interessa é amar
O feitiço que virou contra o feiticeiro
Que acredita que tudo passa
Que vive cantando o fragmento
Que tudo,
Tudo é apenas momento
Agora gostaria que fosse eterno
Que vivesse além do mundo
Que a vida inteira durasse
Que nada,
Nada desfragmentasse
Eu que falo em mudanças por segundo
De passos estradeiros de andança
De efemeridade e momenteio
Da vida que se vive em dança
Agora gostaria de morrer com você
Na cidade que escolhêssemos
Para nosso amor atemporalmente viver
Onde ficaria nossa paixão cravada
Todas as vezes
Que nos movêssemos juntos para a estrada
Tudo ruiu
Inclusive a ruína
De achar que tudo se desfaz
Agora desejo que o castelo de areia
Dure para sempre
Na praia de onde
Se pudesse eternamente
Contemplar seu oceano