sexta-feira, 22 de março de 2013

Transmutação Lasciva

Dia ausente nas habitações inseguras de um humor vago
Palavra que se busca como lapso passado de um prazer vivido
o lápis da escrita cotidianamente segue riscando suas letras
sobre as improváveis relações do alto,
paraíso de meus sonhos mais intensamente sentidos

Cores pássaros assobios canções viagens paixões
Dissolvo-me de tudo, resíduo último

Mudo calado como as árvores
Sentido o rumo do vento,
palavras lançadas para apaziguar o tédio
que se esgueira a cada desentendimento,
Sentado cantando buscando
o oceano de bem aventurança transcendental,

Poucos momentos de lucidez
destinados ao processo lento
nessa busca por um barato total e sem limites

Quantas reencarnações?
Quantos recomeços?
Tudo o que desejava para onde foi?
Silêncio - a ato de dialogar com a mente -
Observo-me sentado simplesmente
Atravessado por todas as forças cósmicas do universo,
Sutilezas belezas melodias
Infinitas sobre as possibilidade derradeiras do amar
sendo lançadas a cada instante por um coração sonhador.

Será que me contentaria com o lugar onde cheguei?
Observando-me estaria satisfeito tendo vista tudo que desejei?
Refugio-me neste meu companheiro: o caderno em branco
São a embriagues e a inutilidade que me restam,
do alto paraíso infernal de minha condição caída
sonho ainda todos os sonhos que já sonhei,
despetalando-os um a um na cordilheira mórbida de um amanhã sentido,
repassado, requentado na frigideira incógnita dos instantes inscritos

Que o mundo todo vertesse
suas possibilidades e estradas abertas
de expansão da consciência para as veias
silentes como rios amazônicos
de minha poética que busca
escreve e percorre
rumo a uma escrita que consiga apenas
fluir viajar e sentir
a ponto de que escrevendo aqui,
simplesmente pudesse sentir
tudo aquilo que as escolhas riscos e promessas
que a estrada trouxe para meu peito de poeta

tudo por que, como disse certa vez
meu querido mestre espiritual
a melhor parte da viagem é o começo...

Queria um viajar eterno sem retorno, sem tropeço
sem fim nem começo
apenas a liberdade com todos os seus riscos e tentações
e um poema longo como as trilhas do universo
nos conectando com esse estradar disperso
que tanto fascina meu coração aberto

Um poema sem os limites do tempo
uma vida sem os limites do compromisso
sem as amarras do tédio sem o amargor da intolerância
sem o dispersar solene e dolorido provenientes da culpa e do julgamento
Lá onde o pôr-do-sol é sempre a atração principal
das existências sempre ansiosas por beleza,
poesia, canção e sossego
Lá onde somos eternos e a festa nunca acaba
e nos comunicamos com as flores simplesmente através do olhar...

Onde está você? Oh mundo espiritual,
platonismo doidivana de meus sonhos possíveis,
Onde está você? Oh Mundo Perfeito,
tranquilidade lúcida no seio inebriante da paixão
Onde está você? Oh Liberdade Absoluta...

Estaria guardada sob sete chaves de mistério,
sete precipícios de loucura,
sete segredos de amor?
Estaria guardada em uma estrada para lugar nenhum?
Estaria escondida no suspiro de em segundo,
sempre presenta ao meu lado?

A perfeição do mundo material é a sua imperfeição,
mas nós, seres eternos por natureza,
não podemos simplesmente nos contentar
com o óbvio e com o relógio,
queremos o gozo que nos traga transcendência
o orgasmo que afugente o marasmo
a vivência que revele a essência
eternidade de um prazer sem fim

Não basta o ponto final,
nem a tristeza silenciosa,
Não basta
O dever o compromisso,
a promessa auspiciosa
Queremos o mito, queremos sorriso
Nariz de palhaço no trânsito da calçada...

Desassossego-me com o desejo
de matar meu desejo
para aceitar o mundo com ele é,
como foi como será:

O canto de bem-te-vi,
aquilo que vi na nuvem que se transforma
mutante o dia que nasce azul
e as tentações que me derrubam
caindo todos dançam em harmonia no tempo presente

a poesia- tão lúcida e eterna com o piscar de olhos das montanhas-
sorri seus lábios carmesim, sugerindo o busca derradeira
simples e calma como a serenidade do mestre espiritual
como a atemporalidade da verdade absoluta
das escolhas simples definindo vidas imediatas

agora, tudo se resume a ir por aqui ou ir ali
Sempre espreitando cada esquina, cada deslize
cada desenlace, cada separação, cada desrumo e cada desencontro
cada formiga, cada anunciação de aurora ou de outono.
de chuva ou de viagem de partida ou de passagem
de ida sem volta ou eterno retorno,

Sempre em frente,
a beleza sem limites da Pessoa Suprema,
Sua poesia perfeita
em sustentar milhões de universos e histórias de amor
simplesmente tecendo a doce melodia de sua flauta,
lançando os passos travessos
de sua dança maravilhosa com suas amadas,
celebrando e desfrutando pois amar é o que há de bom...

Krishna, sabe melhor do que ninguém
desfrutando e saboreando sempre o muito além
de seus segundos eternos de bem aventurança transcendental e ilimitada...
É essa vida que me impulsiona,
questionando todos os meus valores expectativas e crenças
que a cada nova viagem
vão sendo fervidas na panela do risco e no fogo ardente da entrega...

Oh! esse meu desmanchar absoluto de todas as certezas que um dia tive
Oh! transmutação lasciva de toda essa existência mutante!

consequências

As atividades do universo são uma consequência da ação das jivas (almas eternas) sobre a matéria inerte

Semeadura

Ama teus amores
Lembrando-te sempre
Dos passos silentes do fim!

    O dia tem aromas efêmeros

Mira a eternidade
Para que num susto
Desperte para realidade
    Como a Lua em seu rumo...

A vida passa
E por entre os dias
Assim na poesia caminha

Sempre diferente
do que imaginamos
O fruto
daquilo que semeamos

Dissolvendo

Faces sob a chuva
negros passos
guarda-chuva
o dia se dissolve

escorre
sobre minutos disfarçados
o momento
sobre a beira de um abismo

quinta-feira, 7 de março de 2013

Sombra e Luz

há dias em que mente revolteia
colibri à procura do néctar
Sabe que sou instável
onde quebrando na areia
formosura de um fluxo vulgar

o tempo vário me comove,
ainda sou apaixonado pela vida
Não tenho saída, não posso mudar
só posso cantar, só quero sonhar

Difusas as cores do dia
tecem lembranças sobre o futuro
meus sonhos assim pincelados
melodias soltas no ar
sobre seus lábios e promessas
emolduradas, nossas loucuras 
são observadas como peças de antiquário

Há dias que sinto 
no peito a paixão a ardente,
ardente recordo
o naufrágio de nosso itinerário

a vida ainda me fascina,
sua promessa inconsequente
sua dança ainda me seduz
meu ser todo alucina
nessa brincadeira tão envolvente
entre o segredo da sombra 
e a pureza da luz