Pra que soprar sem ter barulho?
Agora que já nos tornamos
Seres acostumados a dormir submersos
No seio barulhento da metrópole
Agora que o tempo é múltiplo
No calendário secreto
Que riscamos na própria carne
Fale-me do avesso
de tudo o que ressoa em meus ouvidos
para apertar o coração
(esse cantinho de mundo irreal
que só dorme
quando no limbo do entressono
consegue captar as canções da estrada
como se estas fossem
um estremecimento nostálgico
das entranhas da terra)
Fale-me do avesso
de tudo o que encurta a vista
para amargar o paladar
Quero um salto ao contrário
No horizonte aberto das possibilidades
Abrir um canto escondido
Onde o tempo se perdeu
e assim o inútil é sempre inútil
Mas no por isso menos celebrado
Pra que soprar sem ter barulho?
Quero vendavais sorrindo
na epifânia epidérmica do berro
Quero temporais cantando
o sentido último da embriaguês nostálgica
Agora sou um salto sem volta
na via-láctea das minhas ilusões
Apenas um bailado ritmado
nos tropeços do desequilíbrio
Sigo sem deixar nada Além do que fica da minha distração/ Ser humano é ser estrada na dor no amor ou na ilusão
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Poética Insônia
Nos olhos
serenata do acaso
Abri
as portas do entressono
Sorri
para o que vem a deriva
Festejo
sem porque nem como
Na sombra
lunar da poesia
Adentra
o cortejo da insônia
Hipnotizado
num zumbir de melodia
Como um besouro
que telepaticamente sonha
Agora
Só que posso
Noturno
Só o que quero
É uma conversa esfumaçada com a noite
serenata do acaso
Abri
as portas do entressono
Sorri
para o que vem a deriva
Festejo
sem porque nem como
Na sombra
lunar da poesia
Adentra
o cortejo da insônia
Hipnotizado
num zumbir de melodia
Como um besouro
que telepaticamente sonha
Agora
Só que posso
Noturno
Só o que quero
É uma conversa esfumaçada com a noite
Absorte
Até onde vão
Os limites do mundo?
Temos que tomar
um absinto
Absentir
até onde é vão
Os limites do mundo
onde é mesmo que vão?
Os limites do mundo?
Temos que tomar
um absinto
Absentir
até onde é vão
Os limites do mundo
onde é mesmo que vão?
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