quinta-feira, 2 de maio de 2013

cósmico espetáculo gratuito

"Não estamos interessados na beleza da paisagem,
mas na beleza daquele que fez a paisagem."
Srila Prabhupada

Um planeta qualquer 
em um dos muitos 
universos materiais

Mas a vontade de criar era imensa
Pegou as cores, todas elas astrais
vindas de sua imaginação 
indescritivelmente ilimitada

As formas 
seriam novas e insuspeitas
Para causar júbilo 
a todos aqueles 
que tivesse a fortuna
de suspender suas rotinas
para apreciar aquele
cósmico espetáculo gratuito
que ele daria no fim da tarde
daquele pequeno planeta azul

Seu humor estava dado a petúnias,
Será que as nuvens o compreenderiam?
Um misto de estrelas outonadas
Com a sensação de saudade 
quando se parte para viagem 
sem estar junto da amada...

Aqueles que vissem a criação momentânea
talvez pensassem ser este apenas um
"Fenômeno Natural" e não o considerariam arte
Mas alguns poucos, fosse por entre prédios
ou por entre montanhas
debaixo dos lençóis
ou por cima das nuvens
Saberiam ser aquela uma criação inédita,

Mais do que isso
uma obra mutante, um work in progress
um improviso transcendental 
um jazz, um choro
harmonioso, virtuoso e louco
um indescritível bailado de formas
cores, e sons e afetos

Alguns talvez, em sua imaginação sem limites
imaginariam que nem o maior gênio da pintura
em seu mais louco sonho de embriaguez
seria capaz de variar 
sobre cores e tons tão inventivos

Os mais concentrados perceberiam
que por trás das variações de formas e cores
haveria também som, melodia e aroma
Talvez um colibri, talvez um quero quero
talvez o doce cheiro de mato
Ou até mesmo um silêncio imprevisto em meio ao trânsito

Enfim, não importa 
Ele sabia que aquele dia
Movimentaria sua opulência poética
apenas para impressionar e abençoar
Aqueles que fossem capazes de perceber
que o amor é simples como o elo 
entre o azul e o amarelo

E desse modo,
entre o dia e a noite,
indefinido com a blue note,
inventivo como um maestro 
no esplendor do entardecer
fazendo bailar as nuvens 
como quem se apaixona
pelo fazer indiscreto e solitário 
de seu instantâneo e mútuo poema
Krishna, a pessoa Suprema
com o som doce de sua flauta
com os raios do sol entardecendo  
Se fez presente no céu azul de outono

Olhos Tardios

entardece
a alma emudece
perante a imensidão

entardece
é apenas o sol que desce
penetrando o ventre da terra,

refinada explosão
multicolorida
sobre o multifário
sonho doce de amor

umedecendo o horizonte
em possibilidades concretas
são nuvens colorindo-se
dançando em azul, amarelo
laranja, púpura e vermelho

Lábios que se encontram
em uma espécie secreta
de torpor crespuscular no firmamento

entardece
o doce momento que desce
no horizonte de meus olhos tardios


Livre espetáculo

Fogo laranja
explode nos limites do céu azul
cantam pássaros
para celebrar um espetáculo
gratuito, diário e não anunciado

Melodias do Silêncio

é no entardecer
que se distingue
as tonalidades do som

Pode-se até mesmo,
por detrás dos ruídos solares
contemplar
as luminosas melodias do silêncio

Pneu Furado

Planos obtusos,
são imprevisíveis
os percalços do dia

Parafusos e Macacos
Rodando a chave
de um manhã fria

Vento de estradar

O Cotidiano da estrada
é a passagem
À beira do caminho
é que se conhece a viagem