quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Pétala e o Vento


Deparei-me com uma pétala,
Rosada envelhecida,
Pétala de bouganville
Dependurada nos fio de uma teia
Ela equilibrava toda
aquela tarde de sol e vento
Em seu improvável descanso aéreo

A aranha, ainda desinformada
Mal sabia do óbvio
Espanto de imensidão
Que se encontrava equilibrando
Os segundos de uma tarde
Em sua armadilha sutil

Suspeitei no início
Das intenções evidentes daquela pétala
A mente racional entrou bosteando
Dizendo que pétala não tem consciência
Nem intenção para dependurar-se
Assim tão poeticamente
No equilíbrio da tarde
Em uma teia de aranha

Demorou-me a surgir o poema
Tão explícito daquela situação
Ao ler uma entrevista,
De um poeta songo e genial
Que é dado a brincar com as palavras,
É que desabrochou o poesia
Contida na impressão primeira
Daquela visão tão antióbvia

A vontade da pétala
Era seduzir o vento
Desafiar a gravidade
Para além de todo pertencimento

Ficou evidente
Que ela estava enamorada
E assim desvairada,
Perdida em impossibilidades
Louca de amor
Lançou-se lascívia
Sobre uma armadilha de éter,

Virou vitral moldura
De um amor impossível
Aquela teia de aranha
O vento lambia
O corpo colorido
Daquela pétala em equilíbrio

Um amor improvável
Comprovou-se sutilmente
Nos atos do tempo

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