Tranquilizei-me ao pé de um cactos
Sem espinhos busco entregar-me ao poema
Se tudo isso que sonhei em forma de amor
É que aquilo que se apresenta
No incerto rumo de meu caminho,
Sem questionar aceito.
Irrompendo o silêncio
Pousou um pássaro de luz
No ombro calmo de meus pensamentos.
Para escrever tenho de me tornar,
Incorporar a experiência da idéia
Para escrever tenho que amar
Eu barbudo e cabeludo,
Sempre meio desajeitado e tropeço
Carregando caixas de papelão
pelas ruas movimentadas do centro
Mais uma vez de mudança,
Mais uma vez em movimento
Desta vez saindo do centro,
Centro este que recebeu de ruas e noites abertas
Todos os instantes e exageros
Do meu eu esparramado,
Dilatado, distorcido, embriagado
Apaixonado por viver tranquilamente
Sua certeza lúcida de ver além da ilusão
Observando seu pôr-do-sol entre prédios
Ao lado da amada enamorando-se
Pela lua cheia, parado à beira da calçada
Enfrentando como quem navega
Seus mil olhares e destinos anônimos
Suas vidas que se cruzam e se atravessam
Vindas sempre de outro lugar
Sempre de outro lugar
Para aqui, de um modo meio caótico e intenso
Se movimentar em um fluxo inevitável.
Em um frenético encontro de instantes
Quantas canções já foram cantadas
Em nome dessa angústia estranha
Que nos causa seu pulsar de concreto,
Gasolina e compromissos...
Mas de um modo estranho
Sou apaixonado por você
Ó Curitiba,
Cidade grande de meus devaneios
De meus sonhos e anseios
Cidade grande da minha rebeldia
Minha eterna quarta-feira de cinzas
Meu blues atravessado, minha poesia
Minha tarde chuvosa, minha distopia
Cidade grande,
Centro: onde fica a paz do coração?
Por todos os passos que compartilhamos
Viajamos e trilhamos juntos
Te escrevo assim como em mim
Você inscreve seus ritmos irrefutáveis
Nenhum comentário:
Postar um comentário