Frente a mim um texto a ser escrito,
Como tantos outros já tiveram
Um sagrado tenso e antigo rito
Que pelas eras foi levando o grito
Daqueles que não eram
Um mente turbulenta, uma página vazia
Um prazo, dez dedos e muitas inquietações.
Além das brumas e dos castelos de ilusões
Passeio pelas teclas como um caminhante noturno:
Sem destino a não ser fruir
A própria noite incansável de seus passos
Que o leva a seguir o devaneio silente
Fluindo aquoso de seus atos insensatos
Enquanto lá fora chove uma água fria
Tento precipitar meu coração em versos brancos
Encontrar a poesia sentir a consciência
No que ela tem de desperta
Ser na tarde uma janela aberta
Sei o quanto essa formação moderna me atrapalha
Vou tomando decisões fatais e Investigando minúcias transcendentais
Sem ter certeza alguma sobre meu rumo definitivo
Tendo apenas vislumbres da possível saída tento
Apontar as velas para o vento que está a favor
Buscando encantar o prumo mundano
Assumo os riscos do meu destemor
Leio Pessoa, me inspiro...
Algo dentro de mim clama por poesia de modo insistente
Talvez ateasse fogo derrepente, sem motivo
Se em minha existência eterna
Não pudesse buscá-la:
Essa musa incerta, fugidia e louca
Que me assola o corpo a alma e boca
Por detrás do sentido inalcançável das palavras
Através dos dias, vivo os conflitos internos de existir
Sou como pássaros cantando
Mas que desejavam apenas florir,
Caso pudessem ser como as plantas
Caso pudessem esperar a primavera
Das escrituras védicas tenho recebido sinais
Que se entrelaçam com a vida e nunca são mais fortes
Do que aqueles caminhos irrefutáveis que ela pode me apontar
Da minha mente
- incansável fonte de turbilhões e trapaças-
Sofro um anúncio de impermanências vastas:
transformações derradeiras e maravilhosas
surgindo, brotando nascendo
do amor e suas trilhas nectarosas
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