Escrevo em tom experimentalista
ás vezes até
de modo óbvio,
concreto como aroma na floresta
às vezes disperso
num traço louco de serpente
Sonhado por um pintor bêbado
que tivesse desvendado as cores do sol
Penso sabendo pensar
ser efêmero como incenso
escrevo contando criando
buscando o não pensar
O inesperado andando
sobre as trilhas do que escreverei
Tento escrever poemas
que só atingem
o patamar de fragmentos.
Contento-me, afinal
os momentos são também impermanentes
nada é assim tão congruente
e as gotas de chuva
não mais do que gotas de chuva
Assim precipito-me
alternando-me sazonalmente
Variando entre tormento e inspiração
entre sonhos de outono
e vertigens do verão
Das rimas ao assimétrico
modo de pensar
Da canção ao hermético
sonho de criar
Sei que sou patético
mas algo nas cores do fim da tarde,
nas nuvens adensadas de chuva e de azul
na indiscriminável face do vento
no indescritível gosto dos lábios da amada
tão doces tão ácidos
Algo me diz levemente
como num tácito poente
que apesar deste sentimento
ocre de patético, sussurradamente
algo me diz isso tudo é poético
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