quinta-feira, 2 de maio de 2013

Vento de estradar

O Cotidiano da estrada
é a passagem
À beira do caminho
é que se conhece a viagem

sexta-feira, 22 de março de 2013

Transmutação Lasciva

Dia ausente nas habitações inseguras de um humor vago
Palavra que se busca como lapso passado de um prazer vivido
o lápis da escrita cotidianamente segue riscando suas letras
sobre as improváveis relações do alto,
paraíso de meus sonhos mais intensamente sentidos

Cores pássaros assobios canções viagens paixões
Dissolvo-me de tudo, resíduo último

Mudo calado como as árvores
Sentido o rumo do vento,
palavras lançadas para apaziguar o tédio
que se esgueira a cada desentendimento,
Sentado cantando buscando
o oceano de bem aventurança transcendental,

Poucos momentos de lucidez
destinados ao processo lento
nessa busca por um barato total e sem limites

Quantas reencarnações?
Quantos recomeços?
Tudo o que desejava para onde foi?
Silêncio - a ato de dialogar com a mente -
Observo-me sentado simplesmente
Atravessado por todas as forças cósmicas do universo,
Sutilezas belezas melodias
Infinitas sobre as possibilidade derradeiras do amar
sendo lançadas a cada instante por um coração sonhador.

Será que me contentaria com o lugar onde cheguei?
Observando-me estaria satisfeito tendo vista tudo que desejei?
Refugio-me neste meu companheiro: o caderno em branco
São a embriagues e a inutilidade que me restam,
do alto paraíso infernal de minha condição caída
sonho ainda todos os sonhos que já sonhei,
despetalando-os um a um na cordilheira mórbida de um amanhã sentido,
repassado, requentado na frigideira incógnita dos instantes inscritos

Que o mundo todo vertesse
suas possibilidades e estradas abertas
de expansão da consciência para as veias
silentes como rios amazônicos
de minha poética que busca
escreve e percorre
rumo a uma escrita que consiga apenas
fluir viajar e sentir
a ponto de que escrevendo aqui,
simplesmente pudesse sentir
tudo aquilo que as escolhas riscos e promessas
que a estrada trouxe para meu peito de poeta

tudo por que, como disse certa vez
meu querido mestre espiritual
a melhor parte da viagem é o começo...

Queria um viajar eterno sem retorno, sem tropeço
sem fim nem começo
apenas a liberdade com todos os seus riscos e tentações
e um poema longo como as trilhas do universo
nos conectando com esse estradar disperso
que tanto fascina meu coração aberto

Um poema sem os limites do tempo
uma vida sem os limites do compromisso
sem as amarras do tédio sem o amargor da intolerância
sem o dispersar solene e dolorido provenientes da culpa e do julgamento
Lá onde o pôr-do-sol é sempre a atração principal
das existências sempre ansiosas por beleza,
poesia, canção e sossego
Lá onde somos eternos e a festa nunca acaba
e nos comunicamos com as flores simplesmente através do olhar...

Onde está você? Oh mundo espiritual,
platonismo doidivana de meus sonhos possíveis,
Onde está você? Oh Mundo Perfeito,
tranquilidade lúcida no seio inebriante da paixão
Onde está você? Oh Liberdade Absoluta...

Estaria guardada sob sete chaves de mistério,
sete precipícios de loucura,
sete segredos de amor?
Estaria guardada em uma estrada para lugar nenhum?
Estaria escondida no suspiro de em segundo,
sempre presenta ao meu lado?

A perfeição do mundo material é a sua imperfeição,
mas nós, seres eternos por natureza,
não podemos simplesmente nos contentar
com o óbvio e com o relógio,
queremos o gozo que nos traga transcendência
o orgasmo que afugente o marasmo
a vivência que revele a essência
eternidade de um prazer sem fim

Não basta o ponto final,
nem a tristeza silenciosa,
Não basta
O dever o compromisso,
a promessa auspiciosa
Queremos o mito, queremos sorriso
Nariz de palhaço no trânsito da calçada...

Desassossego-me com o desejo
de matar meu desejo
para aceitar o mundo com ele é,
como foi como será:

O canto de bem-te-vi,
aquilo que vi na nuvem que se transforma
mutante o dia que nasce azul
e as tentações que me derrubam
caindo todos dançam em harmonia no tempo presente

a poesia- tão lúcida e eterna com o piscar de olhos das montanhas-
sorri seus lábios carmesim, sugerindo o busca derradeira
simples e calma como a serenidade do mestre espiritual
como a atemporalidade da verdade absoluta
das escolhas simples definindo vidas imediatas

agora, tudo se resume a ir por aqui ou ir ali
Sempre espreitando cada esquina, cada deslize
cada desenlace, cada separação, cada desrumo e cada desencontro
cada formiga, cada anunciação de aurora ou de outono.
de chuva ou de viagem de partida ou de passagem
de ida sem volta ou eterno retorno,

Sempre em frente,
a beleza sem limites da Pessoa Suprema,
Sua poesia perfeita
em sustentar milhões de universos e histórias de amor
simplesmente tecendo a doce melodia de sua flauta,
lançando os passos travessos
de sua dança maravilhosa com suas amadas,
celebrando e desfrutando pois amar é o que há de bom...

Krishna, sabe melhor do que ninguém
desfrutando e saboreando sempre o muito além
de seus segundos eternos de bem aventurança transcendental e ilimitada...
É essa vida que me impulsiona,
questionando todos os meus valores expectativas e crenças
que a cada nova viagem
vão sendo fervidas na panela do risco e no fogo ardente da entrega...

Oh! esse meu desmanchar absoluto de todas as certezas que um dia tive
Oh! transmutação lasciva de toda essa existência mutante!

consequências

As atividades do universo são uma consequência da ação das jivas (almas eternas) sobre a matéria inerte

Semeadura

Ama teus amores
Lembrando-te sempre
Dos passos silentes do fim!

    O dia tem aromas efêmeros

Mira a eternidade
Para que num susto
Desperte para realidade
    Como a Lua em seu rumo...

A vida passa
E por entre os dias
Assim na poesia caminha

Sempre diferente
do que imaginamos
O fruto
daquilo que semeamos

Dissolvendo

Faces sob a chuva
negros passos
guarda-chuva
o dia se dissolve

escorre
sobre minutos disfarçados
o momento
sobre a beira de um abismo

quinta-feira, 7 de março de 2013

Sombra e Luz

há dias em que mente revolteia
colibri à procura do néctar
Sabe que sou instável
onde quebrando na areia
formosura de um fluxo vulgar

o tempo vário me comove,
ainda sou apaixonado pela vida
Não tenho saída, não posso mudar
só posso cantar, só quero sonhar

Difusas as cores do dia
tecem lembranças sobre o futuro
meus sonhos assim pincelados
melodias soltas no ar
sobre seus lábios e promessas
emolduradas, nossas loucuras 
são observadas como peças de antiquário

Há dias que sinto 
no peito a paixão a ardente,
ardente recordo
o naufrágio de nosso itinerário

a vida ainda me fascina,
sua promessa inconsequente
sua dança ainda me seduz
meu ser todo alucina
nessa brincadeira tão envolvente
entre o segredo da sombra 
e a pureza da luz

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Poema para Abhay


Os ventos do Atlântico,
Tão imenso e magnânimo
Naqueles dias pressentia em sua maresia,
Nas escarpas de suas monções,
A eminente presença divina de um santo.

E personificado preparava-se
Para prostrar-se perante aos seus pés de lótus
Transformando a turbulência constante
De suas ondas sempre em dança,
Em uma lagoa que seria inexplicável
Para o capitão do navio
Que carregaria aquela grande alma

As marés do mediterrâneo se purificariam
E os deuses do Olimpo
Abençoariam o filósofo transcendental
Que cruzando suas águas
Iria revolucionar
O mundo que eles haviam fundado

Diante da presença refulgente
Daquele destemido devoto puro
Semideuses entoavam alegremente
E em êxtase
Hinos védicos e mantras celestiais
Para abençoar a travessia:
Estrada aberta em oceano e paciência
Determinação e devoção
Daquele renunciante que vestido em açafrão
Livre de toda a ilusão
Seguia rumo ao ocidente

Levando em sua bagagem
Tão simples, tão humilde
Apenas um valor em rupias
Equivalente a sete dólares,
um guarda-chuva, uma máquina de escrever
um baú de livros:
Arsenal transcendental de conhecimento profundo
Sobre a eterna verdade-absoluta (Sri Krishna)
E um coração imenso
Disposto a precipitar
Em torrenciais tempestades melodiosas
De misericórdia e benção
Todo néctar do amor
Contido na mensagem do Senhor Chaitanya
Toda a maravilha simples e elevada
Contida no cantar dos santos nomes do senhor

Enquanto as estrelas do céu de setembro,
Que sabiam desde há muito sobre a predestinação
Inscrita no mapa astral daquele vaishnava,
Refletiam-se seu brilho diamantino
No mar profundo e negro da noite
O destemido teve um sonho,
Via uma embarcação
Carregando todas as encarnações de Deus,
E dela o Senhor Krishna falou com ele,
Suas palavras mais doces que o mel
Mais reconfortantes do que o vento
No outono de Vrindavana:
“Não tema meu filho,
Tudo correrá bem, eu cuidarei de tudo”

Em sua mente pura e controlada
Apenas a obstinação
Em seguir com perfeição
As ordens e instruções
Dadas por seu querido mestre espiritual
Nada poderia desviá-lo,
Nenhum obstáculo
Poderia contê-lo,
E nem três ataques cardíacos,
À bordo do Jaladuta,
Abalariam sua fé inquebrentável

Todas as flores, nas cores loucas e imprevistas
De todas as primaveras
Daqueles tão auspiciosos anos 60
Eram tão somente uma homenagem
Secreta e barulhenta
Feita para sua chegada especial...

O florescer da juventude,
A melodia dos Beatles,
A virtuose de Hendrix,
Todas as buscas desesperadas por Liberdade,
Toda poesia irracional dos estradeiros,
Tão somente sintomas,
De uma transformação muito mais profunda
Arranjos de Krishna,
Para enfeitar o jardim
Antes da chegada de seu enviado

O ocidente não poderia continuar
Sendo assim tão chato e cinzento
Para receber o maior dos visionários,
O sábio sem precedentes,
O arauto definitivo do amor supremo
O servo dos pés de lótus de Krishna
Que carrega na mansidão do olhar
Toda a profundidade e lucidez
Da sabedoria milenar mais profunda e certeira
Já ofertada à humanidade,
Os olhares oceânicos
De todos os antigos
E imortais sábios poetas da criação,
Tais como Narada e Vyasa,
Passando por Madhva, Isvara,
Bhaktivinoda, Goura das Babaji,
Chaitanya e os seis Goswamis de Vrindavana

Derramavam lágrimas de alegria
Gotas de lótus,
Orvalho da alvorada frente à poesia
Tão indizível
Daquela missão transcendental

O ocidente,
Como a semente iluminada
De um lótus em meio lama
Como o amarelo de um girassol
Vivo apesar de coberto pela fuligem do trem
Finalmente poderia desabrochar
Perante os tão desejados
Raios da lua benção
Que aquele devoto,
Sua Divina Graça Abhay Charanaravinda Bhakativendanta Swami Prabhuapada,
Emitiria a cada passo e sentença

Proporcionando a revolução
Mais colorida e dançante
Que filósofo ocidental nenhum,
Dantes havia sonhado
Talvez apenas os poetas,
Em seus mais sublimes
Versos de amor e liberdade
Poderiam ter se aproximado

Uma revolução de amor,
De melodia
De pureza e devoção incondicional
À suprema Personalidade de Deus
Sri Krishna