I
Cantos insoles
solenemente invadem meus ouvidos ébrios,
segundos psicodélicos.
Apenas o som cotidiano de um tempo passado,
vida que corre, que vai e que vira,
de repente desatina num compasso desritmado.
A vida auto-falante, de filtro amarelo, cabelo amarrado.
Ela sentida ao embalo de uma canção,
repentina vida
concebida no poema plural e sativo
que aos poucos vem, vindo a quatro mãos.
II
Peixes de rio
em nossos corpos descansam,
nas ondas de frequência
onde canta a voz etéria.
Corações jovens balançam, na mecânica matéria...
temos um vislumbre aquoso de um encontro auspicioso.
um instante, um mergulho aos olhos do espírito.
Um gole d'água, uma idéia em princípio.
Uma viagem em seu início no solstício da ilusão
e em cada parte forma-se a corrente,
conecta vinil e respira inspiração,
de ideia em ideia,
pensamento em pensamento,
faz-se a torrente. de pingo em pingo,
o clube na agulha faz um respingo.
Aretha fagulha no leito de um rio,
um blues no coração colore a oração
de meus absurdos tímpanos mudos,
no vago sentido obscuro
de buscar o amor.
III
...Minha vida de fósforo folk
acende o mundo esta noite.
meu dia é véu,
veneno de manto sem estrelas,
sem constelação ou vulva morena.
costuro sem agulha meu coração banhado em éter,
lambe gilete e dispensa catéter...
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