Queria criar palavras novas
Que fossem passaportes à experiência lisérgica
De estar onde estive nos últimos dias
Queria encadear as letras
Como notas musicais de uma harpa edifício
Para transportar o leitor ao coração da anarquia
Tudo era novo
E no óbvio a essência de seu próprio avesso
Andei divagando por ruas imundas
Ao som da música transcendental
Dancei diferentes ritmos e sensações
E nunca me senti tão louco
Ao celebrar a cultura racional
Saltando de momento em momento
O tempo suspendeu-se
Para o mesmo não lugar
Onde decidiram descansar as regras
(Tudo é válido em meio à multidão)
Enquanto a orgia sonora toma as ruas de entrega
Equilibristas sobrevoam a Av. São João
As pinturas que Dali nunca imaginou
Desfilavam como sendo banais
E as profecias que Blake jamais vislumbrara
Em um suspiro de segundo se tornavam reais
A antropofagia de Oswald de Andrade
É celebrada em sua forma máxima
O pudor de devorar
É esquecido
Enquanto o rap trepa com a estética esotérica
Nos corpos, corações e ouvidos
Daqueles celebrantes a dançar dionisiacamente
Nas ruas todas de um centro urbano monumental
O que se vive em meio lixo cosmopolita
È a supra-realidade além de qualquer sonho surreal
Não se pode esperar nada que não seja isso
Estamos pós-apocalipticamente criando e dançando
Em meio a tudo o que é vivo
Em meio ao lixo de osmose que nos transmuta
Se é cidadão sendo mendigo
Mendigo cultural
Bandido transcendente
Aqui todos estão juntos
Dominando o mundo
Na paixão de um momento evidente
Correm os palhaços pela parede de vidro do edifício
Suspendem-se redes para que artistas assistam shows performaticamente
Dormem seres humanos e seus filhos em meio a lixo babilônico
E Reginaldo Rossi canta a música que toca o coração do povo
Tudo vale onde nada é
E se o mundo existe em algum lugar
É aqui que ele se realiza
7 comentários:
Muito muito muito bom!! =D
eta, que coisa estranha... esse blogspot deu pra deletar os comentários sem pedir... e ainda por cima diz que fui eu tststs
huahua rsrsrs fui eu que postei e apaguei pq estava saindo com o antigo e-mail!!
mas não tenho culpa se colocam a culpa no autor rs
Prezado Vitor, sinceramente me deu uma vontade muito grande de ter estado la. Sua narrativa me fez voltar 25 anos atras, quando tomei algumas "gotas" dessa "chuva" toda que voce tomou la. Parabens pelo Blog. Abraco. Fernando Fabelino.
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