"A Edivaldo Silva, meu pai, amigo, público leitor de meus poemas
e fã incondicional de minhas canções atravessadas"
Ventos de outono em suas pestanas de goleiro
Sempre companheiro em meus projetos de andança
Parceiro dos primeiros passos, lume e esteio,
Dessa minha vaga esperança de ser artista
e fã incondicional de minhas canções atravessadas"
Ventos de outono em suas pestanas de goleiro
Sempre companheiro em meus projetos de andança
Parceiro dos primeiros passos, lume e esteio,
Dessa minha vaga esperança de ser artista
Mesmo que não manifeste, mesmo que não de pista
Em alguma alteração audível em seu tom de voz,
Em algum olhar perdido quando está a sós
Talvez saiba mais do que o segredo
Que guarda a sete chaves em teu olhar de calmaria...
Talvez seja só um seu desdobramento
Essa minha eterna vontade de poesia
O vento do tempo varreu minha vida,
Arremedou minha inocência
Trouxe-me responsabilidades, trouxe-me barba,
Trouxe-me uma história, trouxe-me a amada,
Restou-me apenas lembrança,
Som da estrada, sol de verão
Pedaço de foto colorida
De quando criança,
Ainda não havia poetas,
Ainda não havia músicos,
Ainda não havia amigos
Nem mestres espirituais
Todos contidos, aglutinados, projetados
Como a galáxia em uma cabeça de fósforo
Na sua figura paternal e total
Que inspirou minhas primeiras palavras,
Meus primeiros acertos e meus primeiros sonhos
O céu de abril liminou-se ante o fim de março
Plurividente astrologia improvável
Que nos une em signo que pouco conhecemos,
A não ser pela própria experiência direta dos dias
São tantos companheirismos nas virtudes dessa andança
Foi presente seu o bom de ser criança...
Foi um espelhamento maravilhado
Todo o sonho contido em uma bola de futebol
A primeira vez no estádio,
Maravilhada emoção de sermos amigos
Assim como no arrebol colorido
Azul e amarelo se combinam sem esforço...
A voz amiga atrás do gol,
Quando sofria ataques do time adversário
E intimidado duvidava de minhas capacidades
Das quais você, sempre fortaleza, nunca duvidou
Caminho pelos dias aprendendo a ser gente
Pago contas, me responsabilizo
Pela vida que venho escolhendo viver
Mas por trás de toda concretude, de toda corrente
Há sempre o bom da fantasia
Como quando fomos ao cinema antigo
Conferir a adaptação daquele meu livro preferido
Pequenos momentos retratos
Como regatos compondo um rio imenso
Que fazem de nossos atos tão intensos
Entrelaçamentos em desrumos de existência
Intacta saudade aquela que senti
Quando cheguei ao mundo material e sua voz não ouvi
Ali se revelou um oceano de distância
Que do outro lado do mundo você talvez tenha sentido
Intactos versos da vida, compondo nossa história
Maestro improvisado tecendo a criação
Eu ali, abrindo os olhos, e você lá, engenhando no Japão
Você me deu a intensidade de sentir a vida aberta
Plena de possibilidades de meus sonhos loucos
É referência intangível da janela aberta
Tranquilidade intangível em minhas melodias ao violão
Simplicidade absoluta, Meta irrestrita
que espero um dia
precipite sobre nós:
Toda a serenidade para reconhecer nossa história
Toda coragem para celebrarmos o amor